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RAIZ RELIGIOSA
RAIZ RELIGIOSA


                      

 

Batuque é fruto de religiões dos povos da Costa de Guiné e da Nigéria, com as nações Jêje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô! 


                           

 

HONRAR AS RAÍZES...

 

A Nação, religião afro brasileira, popularmente conhecida como Batuque devido a percussão dos tambores, no Rio grande do sul, desembarcou entre nós juntamente com a colonização negra e se espalhou pelo Brasil.
Talvez o leitor leigo desconheça, mas com formas rituais e conotações de entendimentos filosóficos diferenciados, isso devido a pluralidade das regiões do continente africano de onde partiram, Orixás, Inkices e voduns foram entronizados na continuidade de fé e sentimento religioso daqueles imigrantes, surgindo daí o Candomblé e o Batuque (Nação), com suas diversidades de “lados de feituras”, ou seja, formas diferenciadas no trato e na idolatria dessas divindades.Muito embora a cultura nacional, muito apegada às tradições católicas, faça uma miscigenação entre os “santos” da Igreja Romana e as divindades do panteão africano, muitas vezes confundindo os próprios crentes do Batuque, é importante salientar que se tratam de religiões heterogêneas, e que os santos do afro brasileirismo não são, nem nunca foram os santos católicos. Outra questão inerente à incultura religiosa brasileira é que Umbanda, Quimbanda, Candomblé e Nação, Catimbó, Toré, Tambor de Mina, entre outras, seja tudo uma religião só, ora chamada umbandista, ora batuqueira, enquanto na realidade trata-se de uma diversidade de formas de culto bastante diferenciado, religiões diferentes entre si.
Costumo dizer que aquelas pessoas que cultuam Umbanda e Nação na mesma casa, são como que “católicos de dia” e “protestantes a noite”, por exemplo, pois que cultuam duas religiões bem distintas entre si, que de semelhantes só tem a reverencia a alguns Orixás, mas isso também com liturgia diversa. Provavelmente seja essa dificuldade de assimilação entre as diferenças básicas da nossa cultura religiosa, que permita ao publico em geral fazer associações que muitas vezes nos comprometem. Hoje mais do que nunca a religião dos Orixás corre o risco de sucumbir, a desunião de nosso povo religioso e a falta de conhecimentos mínimos, em alguns casos, das tradições e fundamentos religiosos leva as deformações de entendimento que são comprometedores. Poderíamos exemplificar com a imagem do feitiço, coisa mal-feita e a relação com o diabo, que faz parte do imaginário. Quando as pessoas se referem a algo muito ruim, usam as palavras macumba, despacho, feitiço ou batuque. É uma realidade superficial e distante da realidade mítica e ritualística de um terreiro. Porém, a maioria dos sacerdotes não se preocupa com a religião como um todo, mas com a teoria do “próprio umbigo”. Toda religião é uma fonte de verdade e fica muito centrada em si mesma. Se você tem a sua verdade, a do outro está errada. Isso vale de católicos para evangélicos, de evangélicos para afro e até dentro do próprio Batuque. Além disso, algumas religiões tornam a conversão como parte da missão religiosa. Para ser um bom religioso, você tem que trazer para o seu credo e a sua verdade os outros credos que estariam todos errados.
O Batuque, por exemplo, é religião politeísta (que tem um panteão com vários deuses), como a grega e romana. Não há falta de mérito nisso. Existe a idéia de Deus supremo, criador, mas na maioria dos eventos do dia-a-dia, ele não interfere. Quem cuida do emprego é Ogun, da fertilidade, Oxum, das famílias Yemanjá, da saúde Ossanha e assim sucessivamente. As religiões politeístas têm facilidade de assimilar deuses estrangeiros e os trata em posição de igualdade. Embora seja extremamente próprio de cada religião defender a sua verdade como a única e combater a fé alheia, gerando uma grande possibilidade de conflitos e perseguições. Na Nação, não é diferente e se aceita com facilidade até mesmo o sincretismo prova disso é Oxalá, por exemplo, foi sincretizado com Jesus Cristo. Para citar um exemplo de diferenciação ao entendimento, e observarmos como poderemos nos tornar frágeis ao ataque de outras crenças, se não houver mudanças no comportamento da maioria dos fieis do afro brasileirismo e retomada do crivo moral e ético religioso propagado por nossos antepassados, cada denominação das religiões evangélicas se vê como grande verdade levada aos outros pela conversão, o proselitismo é muito grande. A tolerância não faz parte do universo deles. O alvo preferencial são os afro-brasileiros.
Os católicos também são alvo, mas não se pode dizer que são demoníacos porque são igualmente cristãos. Já o afro pensa que a religião de todo mundo tem algo bom e interessante. Mais de 90% do avanço pentecostal se faz em cima da religião católica e pequena parte em cima do afro. Mas como são pequenininhos, o pouco que lhes é tirado representa muito. As religiões afro umbandistas estão diminuindo de tamanho. Necessariamente para aclararmos a consciência religiosa das pessoas de um modo geral, e dos próprios crentes, para firmeza e proliferação da nossa crença, necessários se faz a conscientização dos Babalorixás e Yalorixás em torno do compromisso com a ancestralidade, com a honra ao nome de suas bandeiras e com a expansão do objetivo maior dos preceitos recebidos em suas feituras. Mas, infelizmente, hoje o que vemos são os iniciados jogados à própria sorte e auto-desenvolvimento, isso é prova do quanto somos falhos e relapsos na formação das novas gerações, dos novos sacerdotes. É dispendioso e demorado o caminho do aprendizado, não questiono se bom ou mau o aprendizado, isso depende do grau de conhecimento da pessoa que se propõe a ensinar e do grau de comprometimento que esta pessoa tenha com o ensinar. E principalmente do quanto o iniciado deseja aprender.
Questiono, sobre tudo, a falta de interesse das pessoas que tem como função ensinar e estimular o aprendizado, mas que se escondem em frases como: cada coisa a seu tempo. Ou: isso você ainda não pode saber, é segredo. Não, isso é um exemplo de “mito e tabu criado para complicar a vida do iniciado”. Essas respostas denotam medo, e falta de capacidade. É uma forma de afugentar o novato para não ter que explicar coisas que ele mesmo, o sacerdote, desconhece. É não ter humildade de reconhecer suas limitações e recorrer a outras pessoas mais experientes para assim aprender e ensinar-lhe. Quando me questiono sobre a religião, as vezes me vejo sem esperanças e engrosso o coro dos que dizem que daqui a 50 anos o Batuque estará tão descaracterizado que será uma outra religião. Então percebo que não podemos desanimar temos é que honrar nossas raizes e levar verdades fundamentais adiante.
 
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